Quando nos deparamos com histórias como a presente no livro exilados de capela, algumas dúvidas podem surgir acerca da natureza do perdão dentro do espiritismo. Assim como, também, a forma na qual ele funciona dentro da doutrina.
Sem dúvida alguma, o perdão é um dos atos mais difíceis de realizar para um ser humano, e se torna tanto mais difícil quanto a ferida emocional (ou às vezes até física) é maior. No entanto, ele é parte fundamental da evolução espiritual, e a dificuldade em perdoar jamais deve ser um obstáculo para adquirir essa capacidade.
Perdão e Espiritismo: Qual a relação?
O perdão é parte fundamental do espiritismo, uma vez que o ensinamento do perdão foi um dos principais que Jesus Cristo trouxe para a humanidade, e o espiritismo é uma religião profundamente cristã.
Na própria oração do Pai Nosso é dito para perdoar quaisquer ofensas que tenham sido feitas. Isso demonstra a necessidade de perdoar para o próximo para que, também, Deus possa perdoar as nossas faltas.
Por que perdoar é tão difícil?
Porque dentro de nós há um egoísmo, uma necessidade de compensação por toda e qualquer falta cometida. Quando vemos alguém nos ferir, queremos que aquela pessoa também seja ferida, como que para fazer aquela pessoa entender o que ela nos causou e também sofrer.
No entanto, o sofrimento causa apenas mais sofrimento. A necessidade por essa compensação cega apenas serve para causar ainda mais negatividade em quem já está machucado – e mesmo que consiga o que quer, isso só dará início a um ciclo vicioso de mágoas e dor.
Quais benefícios do perdão?
Muito mais do que uma obrigação religiosa, o ato de perdoar é profundamente místico. Quando perdoamos, livramos não somente a nós mesmos do fardo de dor e sofrimento, mas também ao próximo.
O ato de perdoar é uma limpeza espiritual, é um expurgo no nosso campo energético, e um fechamento das portas que poderiam atrair coisas negativas para nós. Perdoar o seu próximo é efetivamente limpar sua alma e estreitar ainda mais os seus laços com Deus e com os espíritos superiores.
O que não é o perdão?
Perdoar não é desculpar. Quando desculpamos alguém, significa que reconhecemos a falta de culpa da pessoa ou a eximimos dessa culpa, mas não esquecemos realmente mágoa que isso nos causou. Muitas vezes, continuamos a tratar a pessoa mal – sem intenção alguma.
A palavra “perdoar” vem do latim, e significa algo nas linhas de “doar a mais”. Ou seja, o perdão é mais do que reconhecer a falta de culpa, ou remover a culpa de alguém, mas também esquecer a dor que essa pessoa te causou, é deixar ir o que aconteceu.
É importante lembrar, no entanto, que perdoar alguém não quer dizer que você é obrigado a conviver com essa pessoa, ou mesmo gostar dela. Nem todos mudam os seus caminhos, nem diante do perdão. Dessa forma, ao perdoar uma pessoa que não se arrepende, você pode se afastar dela para que não ocorram mais problemas, e seguir sua vida em paz.
Qual o melhor modo de deixar as mágoas de lado?
Infelizmente não há um manual ou uma fórmula de bolo que possa auxiliar nesse processo. Mas é preciso entender que quando guardamos mágoas dentro de nós, não estamos a ferir ninguém além de nós mesmos. Muitas vezes nos apegamos a esses sentimentos como se eles, de alguma forma, também fossem causar dor a quem nos feriu – porém, não causam.
Também não procure perdoar de “modo mecânico”, apenas porque é algo que sua religião exige. Faça isso de todo o coração, busque uma evolução espiritual genuína. Estude a doutrina, leia a Bíblia, e ore constantemente, peça a Deus que te ajude a superar as mágoas e dores que o seu próximo te infligiu.
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A necessidade da evolução espiritual é algo que vemos em primeira mão no livro Seara Bendita, e um dos aspectos mais importantes dessa evolução é a capacidade de perdoar. Perdoemos o nosso próximo sempre, para que juntos possamos evoluir e atingir a plena felicidade.
